Utilizando-se de um estilo literário atraente, Dan Brown, através de seu bestseller O Código Da Vinci, faz propaganda do ocultismo anti-católico
(Publicado no Informativo Lepanto, nº 8)
A receita para quem quiser ficar famoso nos dias de hoje é escrever algo contra a Igreja Católica. Para acusá-la não se requerem provas. A grande mídia dará provavelmente todo a cobertura necessária e julgará como científica qualquer afirmação que se fizer.
Exemplo disso são as afirmações fantasiosas do escritor norte-americano Dan Brown. Sua obra O Código Da Vinci, livro que na versão portuguesa ultrapassa 400 páginas, já virou até filme.
Alguém poderá dizer que O Código Da Vinci é uma simples e frívola novela que só aos incautos engana. Um conto como esse não precisaria ser refutado. Mas não será incauto quem assim pensa?
A doutrina subjacente ao livro e o clima psicológico que ele cria percebe-se também no trailer de propaganda do filme. Uma voz carregada de mistério fala de “
uma mensagem que foi ocultada durante séculos, [...] um segredo que pode mudar a trajetória da humanidade para sempre”. E conclui: “
Não importa o que você tenha lido, não importa o que você acredita, a caminhada já começou”.
“
Um segredo que pode mudar a trajetória da humanidade para sempre”. Qual é esse segredo? A resposta é a base do livro, deixemos que ele nos dê a reposta: “
quase tudo o que nossos pais nos ensinaram sobre Jesus Cristo é mentira”.(Dan Brown, O Código Da Vinci, Sextante, 2004, p. 223).
O livro toma ares de “apologética” religiosa e diz que Nosso Senhor não é Deus, que a Igreja Católica não é verdadeira e que o Evangelho foi deturpado pelos Apóstolos. "Apologética" entres aspas, pois, qualquer tratado apologético têm argumentos racionais, lógicos e apresenta provas, o que
O Código Da Vinci não faz. De forma muito esperta na introdução do livro o leitor é confundido: “
as descrições de obras de arte, arquitetura, documentos e rituais secretos neste romance correspondem rigorosamente à realidade”. Ele dá a entender assim que tudo o que escreverá no livro corresponde à realidade histórica. Interessante a técnica dele: “
Todas as descrições de obras de arte...” não está dito que tudo o que ele vai falar do
Priorado de Sião, por exemplo, “corresponde à realidade”, mas apenas que os locais que servem de cenário à novela são do modo como está escrito.
A igreja de Saint-Sulpice em Paris é um dos cenários da novela. No conto, um dos personagens procura lá a chave para desvendar o segredo do Santo Graal. Alguns meses após a publicação do livro, começaram a chegar vários turistas em busca de pistas para descobrir tal segredo! De tal maneira a novela embaralha a cabeça do leitor irrefletido. Foi necessário redigir nota aos visitantes: "
Ao contrário das alegações fantasiosas de um recente best-seller, esta igreja não é um vestígio de templo pagão", escreveu o pároco.
O livro tem como uma de suas idéias centrais a suposição absurda de um falso casamento de Jesus Cristo com Santa Maria Madalena, o qual teria dado início a uma linhagem divina. Para impressionar os crédulos, um dos personagens - "Sir Teabing" -, afirma que essa descendência de Jesus Cristo e Maria Madalena é atestada por numerosos historiadores ( Op. cit., pp. 241-242). Na verdade, trata-se de escritores claramente ocultistas, que usam “
o espectro de disciplinas conhecidas coletivamente como ‘esotéricas’: astrologia, alquimia, cabala, tarô, numerologia e geometria sagrada”( Michael Baigent, Richard Leigh and Henry Lincoln, Holy Blood, Holy Grail (New York: Dell Publishing, 1983), p. 19). Uma das autoras consultadas por Dan Brown, Deike Begg, é astróloga consultora da London Faculty of Astrological Studies.
Esses “historiadores” ocultistas não fazem distinção entre realidade e imaginação. Margaret Starbird, principal fonte do autor para sustentar o suposto casamento, afirma com desenvoltura: “
Minha narrativa de Maria Madalena e da pequena Sarah (a suposta filha de Nosso Senhor) [...] é ficção"( Margaret Starbird, Mary Magdalene: The Beloved, www.magdalene.org/beloved_essay.php)
"[...] É claro que eu não posso provar [...] que Jesus se casou ou que Maria Madalena foi a mãe da sua filha” ( Margaret Starbird, The Woman With The Alabaster Jar: Mary Magdalen and the Holy Grail (Rochester,Vt.: Bear & Co., 1993).
O Código Da Vinci é um trabalho fantasioso, uma narrativa envolvente para disseminar crenças gnósticas sobre a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo e a Igreja. Um leitor pouco atento, hipnotizado pela narrativa, pode não discernir isso. Mas, talvez sem perceber, poderá ser picado pela dúvida: será que Brown está certo? Será que a Igreja ocultou a verdadeira história de Cristo durante 2.000 anos?
Mesmo se
O Código Da Vinci se apresentasse como um mero trabalho de ficção, que não alegasse basear-se em fatos e documentos dignos de crédito, seu ataque blasfemo à Fé católica mereceria nossa rejeição indignada. Essas investidas e insinuações nos incentivam à reparação e à ação. Nós adoramos Cristo como Homem-Deus e cremos na Igreja una, santa, católica e apostólica e romana, Corpo Místico de Cristo. Por esse motivo rejeitamos as blasfêmias de Dan Brown contra nosso adorável Salvador e as suas afirmações historicamente falsas e fantasiosas de que Constantino fundou a Igreja e impôs a crença na divindade de Cristo.
A Igreja Católica, ao contrário dos seus inimigos, não tem nenhum segredo ou código oculto, e nunca temeu proclamar a verdade inteira. É pretensiosa e vã a ostentação dos promotores do filme, na sua tentativa de “abalar os fundamentos da Cristandade” ou “mudar a trajetória da humanidade para sempre”.
Contra a Igreja, como prometeu seu Divino Fundador, "As portas do inferno nunca prevalecerão" (Cfr. Mt 16, 18ss)
Fonte: Revista Catolicismo (
www.catolicismo.com.br) “Mensagem ocultista anti-católica em
O Código Da Vinci”, dezembro 2005) .