No dia 11 de fevereiro, ocorreu em Portugal um referendo sobre o aborto. Muito já se noticiou sobre ele, apenas coloco aqui neste espaço alguns dados que me parecem - na melhor das hipóteses - desconhecidos por alguns intelectuais, jornalistas e - quiça - religiosos favoráveis a "matança dos inocentes".
- Dos 8.832.628 eleitores inscritos, apenas 3.851.613 (43,61%) votaram.
- A abstenção somou 56,39% (4.981.015), fazendo com que o referendo
não tivesse efeito vinculativo.
- Dos que votaram (apenas 43,61% dos eleitores): 59,25% o fizeram no SIM e 40,75% no NÃO.
- Os 2.238.053 que optaram pelo SIM representam apenas 25,34% de todo o eleitorado.
- Desta minoria, muitos terão votado a favor da prática do aborto livre. Mas muitos também terão sido embalados pelas enganosas promessas de campanha, algumas das quais prometiam até a diminuição desta prática.
- Assim é fácil perceber que faltava completamente legitimidade ao primeiro ministro socialista para levar adiante qualquer alteração da lei de liberalização do aborto.
Como explicar, em um ambiente público profundamente dividido, que só 43,61% dos eleitores tenham acorrido às urnas? Seria essa alta abstenção fruto do desinteresse, ou até mesmo da indiferença?
Em entrevista à agência católica de notícias, Zenit, o diretor de campanha de Ação Família afirmou a esse propósito:
“Há, é claro, uma parcela de pessoas alheadas do processo político, seja por desinteresse, seja por falta de formação.
“Uma outra parcela dos abstencionistas é composta de pessoas que ficaram confusas com as idas e vindas do debate que, ao tentar ocultar o que realmente estava em causa, muitas vezes mais confundiu do que esclareceu.
“Por fim, uma parcela ponderável dos que se abstiveram fê-lo por demonstrar incômodo ou até oposição aberta a que o direito à vida fosse levado a referendo. Entre estes últimos, estou convencido de que muitos terão sido cristãos. E esta oposição surda é um dos fatores que retira legitimidade à fraca vitória do SIM”.